Carlitos Vieira Dias nasceu no dia 17 de Novembro de 1949 em Luanda. Apareceu em palco pela primeira vez em 1966, com o grupo “Angolanos do Ritmo”, formação que integrava o seu primo, Aguinaldo Vieira Dias, que o levou depois para o conjunto “Os Gingas”, do carismático Duia, do qual recordou um espectáculo realizado nos anos 1960, no Ngola Cine.
Intérprete, guitarrista e potencialmente criativo, ao nível dos arranjos musicais, Carlitos Vieira Dias teve o privilégio de assistir, com frequência, aos ensaios do “Ngola Ritmos” e ouvia o seu pai, o emblemático Liceu Vieira Dias, nas ocasiões em que se sentava ao piano. Segundo Carlitos Vieira Dias, o seu avô paterno, José Vieira Dias, tocava concertina e piano, factor que contribuiu, por herança genealógica, para a formação da sua personalidade musical.
Herdeiro das experiências rítmicas do conjunto Ngola Ritmos e das guitarras de Liceu Vieira Dias, Nino Ndongo e José Maria, Carlitos Vieira Dias atravessou, dos anos 1960 à actualidade, os momentos mais importantes da história da Música Popular Angolana. O artista pertenceu ao conjunto os “Pérolas”, 1959-60, formação que integrava o Octávio, a Garda e a Alba Clington. Passou pelos “Gingas”, 1966, já referenciado; “Negoleiros do Ritmo”, 1967; os “Kiezos”, 1968; “África Show”, 1969, e “Merengues”, 1974. Guitarrista de grande versatilidade e notável criatividade, Carlitos Vieira Dias ajudou ainda a fundar os agrupamentos musicais Semba Tropical, 1985; Banda Maravilha, 1993, e Banda Xangola, 1996, formação que se exibia, fundamentalmente, em recintos fechados, com Nando Tambarino, trompete, Sabalo, trombone, Louro, guitarra, Juca, bateria, Manú, voz e tumbas, Eliseu, baixo, e Rufino Cipriano, nas teclas.
Decidido a cantar, em 1993, quando residia em Lisboa, Carlitos Vieira Dias guitarra e voz, gravou integrado na Banda Maravilha, o CD “Angola Maravilha”, RMS, 1997, uma importante referência discográfica da história da Música Popular Angola, com Moreira Filho, baixo e voz, Rufino Cipriano, teclas, e Mário Furtado, bateria, com as canções, “Mana”, “São Filipe”, “Palame”, “Meu amor da rua 11”, “Jinguela”, “Madia” , “Nzala”, “Xicola” e “Benguela”.
Depois decidiu enveredar por uma carreira a solo e gravou, em 2004, o primeiro CD, “As vozes de um canto”, produzido pelo brasileiro Chico Neves, com Carlitos Chiemba, baixo, Teddy Nsingui, guitarra, Mário Garnacho, teclas, Marito Furtado, bateria, Chico Santos, Dalú Roger e Joãozinho Morgado, percussão, Nanutu, saxofone alto, Rowney Scott, sax tenor, Serginho do Trombone, trombone, Joatan Nascimento, trompete, e Dorgan Eleonor, Beth Tavira, e Dodó Miranda, nas vozes.
O CD “As vozes de um canto” é, inequivocamente, uma referência discográfica, tanto na carreira musical de Carlitos Vieira Dias como na história da Música Popular Angolana.