TIMELESS: Parabéns James Baldwin!
James Baldwin nasceu em Nova Iorque em 1924, no bairro de Harlem, onde cresceu e estudou. Partiu para França em 1948, fugindo ao racismo e homofobia do seu país de nascimento. Em 1953 publicou o primeiro romance, Go tell it on the mountain (Alfaguara, 2019), que foi recebido com excelentes críticas. Entre as suas obras mais importantes encontram-se Giovanni’s Room, The fire next time, Going to meet the man, Notes of a native son e Another country. Destacou-se desde cedo como romancista, ensaísta, poeta e dramaturgo, mas a par disso notabilizou-se como uma das vozes mais influentes do movimento de direitos civis. Foi o primeiro artista afroamericano a aparecer na capa da revista Time. Em 2017, trinta anos após a sua morte, voltou ao palco graças a um documentário baseado na sua obra: I am not your negro.
Ao assistir aos primeiros minutos do documentário “Eu não sou seu negro”, é difícil não se perguntar o que o escritor e ativista James Baldwin americano teria a dizer sobre os dias de hoje. Na cena que abre o filme, ao ser perguntado por um repórter branco sobre a melhora na situação dos negros no país, sobretudo no campo da representatividade, Baldwin diz não haver muita esperança e coloca a questão sobre o que aconteceria ao país.
A entrevista é cortada e surgem na tela fotos de manifestações do movimento Black Lives Matter, que protesta, desde 2014, contra o racismo e a violência policial contra negros no país. Indicado ao Oscar de melhor documentário em 2017, o trabalho do cineasta Raoul Peck usa um livro inacabado de James Baldwin sobre seus três amigos e líderes do movimento pelos direitos civis – Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr, assassinados nos anos 1960, para examinar questões raciais contemporâneas.
O filme renovou o interesse pela obra e pelo ativismo de Baldwin. As questões de raça, sexualidade e gênero presentes em seus livros também ganham atenção privilegiada em uma época de intenso protagonismo dessas pautas no debate político. James Baldwin morreu em 1987 no sul de França, um ano depois de ter sido nomeado Cavaleiro da Legião de Honra Francesa. Se estivesse vivo, teria completado no último domingo, 2 de Agosto, 96 anos.